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Elas estão em todas as funções, afinal, lugar de mulher é onde ela quiser

Motoristas de caminhão, assistentes, supervisoras, conferentes, gerentes, líderes de setor, operadoras de empilhadeiras e até de portêiner contam histórias emocionantes de sua trajetória no setor


A s mulheres vêm conquistando cada vez mais espaço no setor logístico, apesar de a quantidade ser ainda bem inferior à dos homens. No Brasil, são 182.376 habilitadas para dirigir caminhões, de acordo com o Denatran – Departamento Nacional de Trânsito, o que corresponde a 6,5% do total de motoristas de caminhão.

Para valorizar aquelas que trabalham no setor de transporte rodoviário de cargas, o SETCESP – Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região criou o projeto Vez & Voz – Mulheres no TRC. Segundo a iniciativa, elas começaram a atuar efetivamente no TRC a partir da metade dos anos 90 em funções administrativas. Atualmente, trabalham inclusive nas áreas operacionais, conferindo carga e dirigindo caminhões por longas estradas.

O projeto completou um ano e já conquistou parceiros, como a Fetcesp – Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de S. Paulo e a NTC&Logística. “A partir de agora, já com alguns parceiros ao nosso lado, nos dando suporte e apoio, podemos sentar juntos e começar a construir ações mais palpáveis. Temos muito trabalho e muitas ideias para implantar, mas a vontade de fazer a diferença no setor é muito grande e nos move em um único sentido, para frente. E é nesta rota que juntos vamos seguir”, destaca Ana Jarrouge, presidente executiva do SETCESP.

Para esta matéria, entrevistamos mulheres que executam cargos operacionais dentro do TRC, como motoristas de caminhão, abrindo espaço, também, para assistentes, supervisoras, conferentes, gerentes, líderes de setor, operadoras de empilhadeiras e até de portêiner, que contribuem – e muito – para o bom andamento de toda a cadeia logística.

Prepare-se para entrar no mundo da logística através da história de vida e da experiência daquelas que venceram muitos desafios para atuar neste setor predominantemente masculino. Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser.

Dedicação e comprometimento

Há 9 anos, Josiane Luiz dos Santos atua como assistente de logística da UPC Cargo Agenciamento de Cargas, empresa do Grupo AGS. Aos 49 anos, conta que chegou a essa posição através de muito trabalho, dedicação, comprometimento e, principalmente, reconhecimento dos seus superiores.

“A logística me atrai muito, está sempre inovando. Ela te coloca em constante movimento, sem deixar cair na rotina. Gosto de tudo e sou feliz com o que ela me proporcionou. Foi através da logística que consegui minha independência, formar a minha filha e me tornar a mulher que eu sou”, diz.

Em seus planos para o futuro está buscar mais conhecimento na área e conseguir mais oportunidade de crescimento. “Esta é a área com mais oportunidades no mercado de trabalho, sempre surgindo novas empresas.”

Persistência e foco

Em 2001, Glicia Jesus começou a atuar em uma distribuidora de alimentos na área administrativa, já com boa aproximação com a parte da operação. Hoje ela trabalha na gestão de armazém da Confiancelog e tem 20 anos de experiência do setor alimentício. “Foi na Jaguafrangos, onde estava como supervisora administrativa, que recebi o desafio de cuidar da operação, e aceitei sem hesitar”, conta.

Segundo ela, a função a atrai por não ser monótona. “Esta área traz uma diversidade própria e em todos os dias há novos desafios. A gerência de uma equipe do operacional é bem singular.”

Para o futuro, pretende melhorar como profissional, estudando e aprendendo mais. “A experiência do dia a dia ajuda muito, mas ter base para executar melhor o trabalho é muito importante”, considera.

Para quem deseja ingressar na área, o conselho da Glicia é: seja persistente e tenha foco. “Assim como toda profissão, nada é fácil, é preciso se empenhar e se renovar todos os dias para poder ter êxito.”

Ela aproveita para contar uma história curiosa de sua trajetória, que, na verdade, ela chama de história desastrada! “Sou meio distraída às vezes, e nos meus primeiros dias na Confiance, trabalhando já no recebimento, recebemos uma carga de queijo e estávamos todos empenhados em terminar o trabalho, o galpão estava cheio de mercadoria. Eu estava correndo para podermos terminar no horário e passei no meio da pesagem. Foi uma gritaria, o coitado do rapaz teve de segurar 1 tonelada de queijo no braço para não me atropelar!”

Fé, luta e persistência

Viviane Baungardt, motorista internacional de caminhão tanque da Rufatto Transportes e Logística, sonhava desde criança em seguir essa profissão. Foi criada em uma família onde a influência para exercer esta atividade é forte, já que o pai trabalhou por 40 anos como motorista e os irmãos também vêm seguindo o mesmo caminho.

Recentemente foi surpreendida pelos agentes da Polícia Federal que realizam a segurança na fronteira entre Brasil e Bolívia com a notícia de que era a primeira motorista mulher que estava atravessando aquela fronteira. “Foi bastante engraçado, o agente me deu os parabéns e me chamou de corajosa. Todos ficaram bastante admirados”, conta.

Muitos ainda se mostraram surpresos, como no pedágio e no local de descarregamento do caminhão, onde olhares admirados se voltavam o tempo todo para ela. Mas isso não a abalou, muito pelo contrário, lhe trouxe muita felicidade e um sentimento de realização por ter alcançado mais uma conquista grandiosa para as mulheres do mundo, que avançam cada vez mais na luta por direitos iguais.

Com muito amor pelo que faz, Viviane não pensa em desistir da profissão e deseja seguir dirigindo por muitos anos. “Se você tem esse desejo no coração, essa vontade e esse sonho, corra atrás! Tenha fé, lute e persista que você consegue chegar lá. Nunca desista. Por mais que você encontre muitos desafios, muitas dificuldades, se mantenha firme que você chegará em qualquer lugar.”

Forte e guerreira

Filha de motorista carreteiro, Elaine Cristina da Cruz assume a mesma função ao trabalhar na Braspress. “Meu pai passava em casa com o caminhão e me levava para comprar pão, assim, me apaixonei por veículos grandes. Tirei a carta na categoria B em 1997 e, em 2002, na D, para trabalhar em ônibus, que é o que se tinha para mulheres.”

Seu tio trabalhava com transportes e a avisou que a Braspress admite mulheres na função. Em cinco dias foi contratada e passou a atuar como motorista. Ficou quatro anos na empresa e saiu, indo para outras transportadoras. Voltou para a Braspress, com o sonho de trabalhar com carreta, o que faz há um ano e seis meses. “O que me atrai na profissão é trabalhar na rua, ter a liberdade de ir a vários lugares. Uma mulher dirigindo transmite força, causa admiração. E hoje, é o meu pai que me admira.”

Ela lembra que outras empresas não dão oportunidade para as mulheres, e elas, muitas vezes, precisam sustentar a casa sozinhas, como é o seu caso. Elaine é mãe solteira e tem duas filhas: Manoela e Alana. “Pretendo continuar trabalhando, cuidando das minhas filhas e dando estudo a elas através do meu empenho.”

Seu conselho às mulheres é: nunca desistam, porque não é fácil “No começo não confiam, dizem que mulher no volante é perigoso. Quando faz uma manobra, tudo mudo fica olhando para ver se não vai bater. Mas é preciso ter confiança. Mulher é forte, é guerreira.”

Elaine aproveita para contar um caso engraçado. Quando chegou em uma empresa para fazer coleta, o atendente pediu o crachá do motorista e se impressionou que era ela mesma. “Ele ficou me olhando manobrar, disse que nunca tinha visto um mulher dirigindo caminhão, reconheceu meu trabalho e deu os parabéns.”

Paixão e brilho nos olhos

Supervisora de operações da DHL Supply Chain, Alessandra Correia atua há 13 anos no setor logístico. Ela iniciou sua carreira na empresa como assistente de operações no setor de tecnologia e depois passou a ser analista de logística. Também tem experiência em operação, supervisão e planejamento de projetos para clientes do setor de varejo, beleza, tecnologia e produtos esportivos.

O que Alessandra mais gosta é a dinâmica do trabalho. “Iniciamos o dia traçando uma estratégia e, no decorrer, temos outros desafios e grandes oportunidades. Além disso, podemos enxergar as pessoas que estão sendo conduzidas por nós de uma forma especial. Nos tornamos referência e isso nos traz uma grande responsabilidade como ser humano e, ao mesmo tempo, uma gratidão por contribuir diretamente para o desenvolvimento das pessoas”, expõe.

O maior desafio, para ela, é conciliar o tempo da vida pessoal e profissional, principalmente por ser mãe. “Esse equilíbrio é fundamental e é algo que precisa ser trabalhado e conquistado diariamente.”

Para quem quer ingressar da profissão, Alessandra aconselha a ter muita resiliência. “Logística é algo muito vivo e muda a todo momento. A flexibilidade é algo que devemos aplicar em todas as circunstâncias enquanto profissionais de logística. Ter paixão e brilho nos olhos, fazer a diferença e estar disposta a ensinar e aprender a todo tempo”, dá o recado.

Uma história que marcou sua trajetória foi quando a DHL Supply Chain realizou uma ação surpresa durante a implantação de um projeto, enviando às mães de todos os supervisores, coordenadores e gerentes um buquê de flores com um cartão do presidente da empresa agradecendo pelo filho/filha que estava abdicando seu tempo precioso, suportando aquele desafio. “Foi uma mensagem muito especial, encorajando e enchendo de orgulho a família e esse elo tão lindo entre mãe e filhos. Minha mãe, toda orgulhosa, ligou chorando e agradecendo por eu ser uma filha tão esforçada. Isso ficou marcado e nunca esquecerei como a DHL nos tratou de uma forma tão especial”, conta Alessandra.

Rumo ao sonho

Carreteira na Braspress, Maria do Socorro Feitoza tem 52 anos e já trabalhou como diarista e segurança de prédio. Nordestina, só entrou em um caminhão para lavar: seu irmão era caminhoneiro. Com 16 anos teve seu primeiro filho e acabou não completando os estudos. Mas para ingressar na área precisou voltar à escola, contra a vontade do marido.

“Visitando uma amiga em Guarulhos, ela me falou do Urubatan, um homem abençoado que deu chance a muitas mulheres em sua transportadora. Então eu tirei a carta na categoria D, com dinheiro emprestado, e entreguei o currículo na Braspress. Fui chamada na mesma semana e passei no teste. Meu marido disse: ‘se entrar lá, sai de casa’. A vontade era grande, cresci vendo meu irmão viajar o Brasil, era um sonho. O começo foi sacrificado, com o marido na minha cola, porque não tinha hora de entrada e saída. Então eu saí de casa, após 23 anos de casada, com quatro filhos”, conta.

Maria não queria ser secretária, porteira e nem trabalhar com limpeza. Nada de unhas ruins de ariar panela. “Meu sonho, a vida toda, foi dirigir, viver essa liberdade. “Urubatan, obrigado pelo senhor existir, hoje eu sou uma mulher livre, comprei apartamento e arrumei um namorado na Braspress.”

Lá atrás, saiu da Braspress e, com um antigo namorado, comprou um caminhão. Mas não deu certo. Ligou para a empresa e eles a aceitaram de volta, coisa que não era comum, mas ela era muito querida. “Sinto-me abençoada.”

A carreteira relata, ainda, outro momento marcante de sua trajetória. Quando estava há 10 meses na Braspress teve câncer de mama agressivo. O médico previu um mês de vida. De início, pensou no cabelo que ia perder e no sonho que seria podado. Mas foi firme, fez tratamento, oito quimioterapias, 96 radioterapias e teve alta há três anos.

“Não tenho família em São Paulo, só amigos. Morava de aluguel com meus filhos ao lado do hospital. Já fiz reconstrução, tinha 29 tumores, sendo nove malignos, mas passei por cima de tudo. Hoje sou feliz e saudável, com oito netos. Sou filha adotiva, não conheço meus pais biológicos. A família que me adotou me criou muito bem.”

Maria ainda não viaja a trabalho, ela faz manobras na oficina, leva carretas para conserto. A próxima fase é sair com a carreta. “Quero pegar a carretona e viajar. Eu sempre dei o melhor de mim, mesmo quando lavava a louça dos outros. Eu me sinto uma profissional excelente, em tudo que faço. E hoje tenho uma profissão. Acabou a época das mulheres que só levavam filho na escola e cuidavam da casa. Hoje mudou, pode dirigir caminhão, avião, o que quiser”, finaliza.

Chegando a muitos lugares e pessoas

Celia Maria Novaes Gazeta iniciou sua carreira há 15 anos, como motorista na Luft Logistics. Tudo começou quando ela conheceu um motoboy que prestava serviços para a empresa e ficou sabendo de uma iniciativa de Mário Luft para contratar mulheres motoristas, mesmo sem experiência.

“Gosto da função por sua importância de modo geral. Cuidamos das pessoas, levamos medicamentos, alimentos, socorro… Essa profissão nos proporciona conhecimento. Chegamos a muitos lugares e pessoas”, comenta.

Como nem tudo são flores, ela se incomoda com aqueles que não tem responsabilidade, que causam acidentes, e também com a falta do olhar para os motoristas autônomos. “Chega ao ponto das ameaças de paralisação pelo aumento absurdo dos combustíveis, que afeta a renda de tantas famílias. Para melhorar o setor, seria preciso investir em cursos de qualificação, na abertura de oportunidades. Há muitas pessoas no mercado, porém sem qualificação”, expõe.

A motorista conta que uma vez, ao parar no farol, olhou para o lado e viu um casal em um carro. “O homem apontou para mim e disse para a moça que estava com ele: ‘Olha lá, está vendo? Tem que ser assim, não tem que ter medo’. Eu dirigia uma Sprinter. Fico muito feliz quando sou reconhecida como uma mulher motorista profissional.”

Celia tem 60 anos e pretende continuar trabalhando até quando a saúde permitir e quando não puder mais trabalhar, apenas descansar. Como dica para quem quer ingressar na profissão, ela diz: “Não desistam da carreira de motorista, venham com bastante vontade. Busquem se qualificar para se tornarem bons profissionais, isso é muito gratificante. No meu caso, levo saúde para as pessoas”.

Fazer com o coração

Carine Sousa de Oliveira, de 34 anos, atua na área logística e de transportes há 5 anos, iniciando como auxiliar, depois assistente, analista, faturista e hoje é supervisora de logística da Confiancelog. “Gosto da dinâmica do setor de transporte e dos desafios diários. Aprendi muito ao longo dos anos, e cada dia que passa me surpreendo aprendendo coisas novas.”

Para ela, a desorganização e a falta de planejamento são pontos na profissão que merecem atenção. “Para melhorar, é necessário seguir os processos implantados de maneira que todos os colaboradores estejam envolvidos”, opina.

Seus planos para o futuro são aprender mais a cada dia, ajudar com o seu conhecimento e dedicar-se para o crescimento de todos. Àquelas que desejam ingressar na profissão, Carine dá o recado: “Que façam isso com o coração, sabendo que quem faz logística transporta não só produtos, mas atua na finalização de processos importantes para a qualidade do nível de serviço da empresa toda de um modo geral.”

Amar o que se faz

Desde 2015, Josiane Gonçalves trabalha na Braspress. No início com caminhão pequeno e, há quatro anos, como motorista carreteira. Ela tem 45 anos e 17 anos de experiência. Quando criança, já desenvolveu o desejo de seguir os passos da família. O que a atrai na profissão é a sensação de liberdade. “Lugar de mulher não é no tanque. Hoje não tem mais diferença entre serviço de mulher e de homem.”

Quando veio do Paraná para São Paulo, acabou separando-se do marido. Com uma criança pequena, vendeu o carro e adquiriu uma van, trabalhando como agregado para uma transportadora, na entrega de medicamentos. Após várias dificuldades, inclusive assaltos, foi convidada pelo dono da empresa a trabalhar registrada, e passou a dirigir Sprinter, toco, Accelo e truck.

O que mais incomoda Josiane na profissão é a falta de estrutura na estrada, incluindo as condições dos banheiros, e o machismo. “Você é sapatão ou vagabunda. É preciso se impor. A questão é de caráter, não de profissão.”

Seu plano é se aposentar na Braspress, pelo suporte que a empresa oferece e por manter-se na área. Para quem deseja atuar na profissão, ela diz que é preciso amar o que faz. “Pense bem, não é brinquedo, é muito perigoso lidar com máquina pesada e se não tiver noção, pode morrer ou matar.”

Josiane lembra dos seus primeiros dias de profissão, quando foi descarregar um toco e mandaram ela e uma amiga carregarem geladeira e fogão, produtos muito pesados. “O engraçadinho disse: ‘se querem função de homem, tem que fazer tudo’. Falei para ele então: ‘se vocês quiserem ter um filho, então ficamos quites. Zoaram com ele.’”

Crescer juntos

Aprimorar seus conhecimentos e tornar-se referência para poder se destacar nas áreas de atuação são os planos de Tayná Leite, líder de cross docking da Mandaê, onde trabalha desde 2017.

Ela começou sua carreira na empresa como operadora logística, na área de empacotamento. “Com o passar do tempo, fui me destacando nas demais áreas e logo surgiu a oportunidade de ficar à frente da equipe, tornando-me oficialmente líder da operação.”

O que mais a atrai na função é saber que pode incentivar pessoas a se desenvolver e a buscar oportunidades de crescimento. “Gosto muito de trabalhar junto com a equipe e temos um propósito de sempre melhorarmos, como time, para que possamos crescer juntos.”

Por outro lado, o que a deixa triste é saber que muitas pessoas que atuaram na equipe tiveram a oportunidade de ficar e crescer, contudo, às vezes, por não saber trabalhar em equipe, perderam a chance e tiveram de sair. “Por este motivo, trabalhamos para que todos estejam sempre motivados e que essa boa vibração possa fazer a diferença.”

Uma das histórias de profissão que Tayná conta é quando em um dia de correria na operação e muita chuva, a energia acabou. “Ficamos todos com receio de não conseguir entregar e bater a meta. Tentei plantar a calma e a paciência no time e acabamos fazendo alguns processos mesmo sem energia, alimentando o pensamento positivo. Aquele espírito de time unido nos deu força e quando voltou a energia conseguimos entregar o resultado no prazo.”

Dirigir é liberdade

Foi por meio de anúncios na web que Ariadnei Lincon de Matos, de 55 anos, conquistou a vaga de motorista truck na Sulista ABC (SP), cargo que ocupa desde maio de 2021. “Dirigir para mim é liberdade.”

Desde muito cedo ela é apaixonada por dirigir, seu sonho era trabalhar de motorista, mas devido a um diagnóstico médico errado, se trancou no seu mudinho e passou a dedicar-se à costura, mas sempre com o sonho de ser motorista. “Quando assisti ao programa do Rodrigo Faro, em que entrevistava uma caminhoneira mais idosa, a chama reacendeu! Falei pra mim mesma: posso não realizar meu sonho, mas vou ter o prazer de dirigir um carro grande, mesmo que seja só na autoescola. Consegui minha tão sonhada CNH na categoria D!”

Em novembro do ano passado, em viagem para Santa Catarina, na parada para o cafezinho, olhou o “grandão” parado e não deu outra. “Deixei a vergonha de lado e fui lá cumprimentar a moça que dirigia. A primeira vez que entrei num possante foi mesmo só pra tirar a foto.”

Ariadnei contou seu sonho para a tal moça: Luciane Kamphorst. “Meu anjo, que me incentivou, me deu uma dose de ânimo e um chute pra cima. Ela me perguntou: quantos currículos você já enviou? Eu respondi: nenhum, não tenho experiência e já estou com idade avançada. Conhecer essa pessoa foi um divisor de águas em minha vida”, conta.

Então Ariadnei preparou um currículo com as experiências que tinha com o seu amigo de “lata”, como ela chama seu carro de passeio, e começou a enviar. Em maio deste ano, ligaram para trabalhar com transporte escolar, mesmo sem experiência. “Eu fiz o teste e, eureca! Passei. Eu só sabia o que aprendi na autoescola e com os vídeos no YouTube.”

Com quatro meses no transporte escolar, enviou currículo para uma vaga de motorista na categoria D. Foi chamada, mas achou melhor indicar uma amiga que já tinha experiência. No entanto, pediu que se houvesse outra oportunidade, gostaria de ser chamada. “Minha amiga passou, mas na última hora desistiu. Então foi me dada a oportunidade de fazer um teste, o universo conspirando a meu favor: passei! Cá estou eu! Aprendiz de motorista caminhoneiro. Felicidade transbordando pelos poros! Estou engatinhando, cada dia um aprendizado. Gratidão é o que me resume neste momento. Agradecida a Deus por essa porta e por todas as pessoas quem têm me ajudado muito nessa nova caminhada.”

Para melhorar a situação da profissão no geral, ela sugere que as empresas deem oportunidade e ofereçam treinamento para quem sonha ser motorista, mas não tem experiência, mesmo que depois de contratado o funcionário precisasse ressarcir os gastos com esse treinamento para que a empresa não ficasse no prejuízo financeiro.

Ariadnei não tem planos profissionais para o futuro. “Ainda estou processando o que estou vivendo agora. Parece que ainda não caiu a ficha. É como se eu estivesse sonhando. Mas já estou providenciando os cursos necessários para me tornar uma profissional de excelência.”

A oportunidade encontrou o preparo

Formada em Administração, Vanessa Rodrigues iniciou a carreira no Grupo Mirassol em 2012 como assistente de logística, onde conheceu a logística vivenciando as operações de transportes diversos junto a terminais, entre outras atividades. Depois, foi promovida a Programadora Júnior e Programadora Sênior. “Com o passar do tempo, me aprimorei na profissão e me tornei líder de transporte e com essa experiência conquistei uma nova posição de coordenadora operacional, e venho desenvolvendo o trabalho nesta área há 9 anos”, explica.

Vanessa adora o dinamismo e a diversidade das tarefas. Para ela, não há monotonia, todo dia tem um novo desafio. “Gosto muito do que faço e gostaria de ver mais mulheres trabalhando no mercado de logística de uma maneira geral.”

Em seus planos estão aumentar o conhecimento na área de Comércio Exterior e realizar um MBA em gestão de pessoa, além de poder compartilhar seu conhecimento com a equipe para evoluírem cada vez mais.

Para as pessoas que querem ingressar nesta profissão, Vanessa avisa que não é uma área fácil. “Exige demais do nosso empenho, mas o prazer de ver tudo rodando, os atendimentos sendo realizados e o cliente satisfeito é impagável. É um setor que sempre te cobrará seu melhor. Para quem gosta de desafios, essa é a melhor área a se seguir.”

Vanessa conta uma história de superação na carreira. Ela foi chamada para assumir a gestão de uma das unidades da companhia, com necessidade de reestruturação da equipe, equalização das posições e processos. “Com esse novo e repentino desafio, pude evidenciar a versatilidade de uma mulher. Com muita resiliência, comprometimento e disciplina, conseguimos desenvolver todas as atividades em tempo, com o resultado planejado. Durante todo esse processo, mesmo temendo e imaginando não ter o preparo necessário para assumir tal desafio, com o apoio da alta direção da empresa, que foram incríveis comigo, tenho a tranquilidade em dizer que somos capazes de coisas que nem imaginamos. A oportunidade encontrou o preparo. Sou extremamente grata e posso afirmar que estou pronta para a próxima!”

O limite é o céu

Na área logística há 15 anos, Cíntia Feitosa de Araujo, de 42 anos, alterna suas funções entre almoxarife e conferente. Ela iniciou sua carreira como líder de produção, até receber o convite para trabalhar na P&G como auxiliar administrativo, atuando na área de logística e aprendendo sobre insumos e estoque no geral. Ela saiu da P&G e passou por quatro grandes empresas até entrar na Yamalog, onde ocupa o cargo de conferente.

“Amo os desafios que esta profissão me proporciona, todos os dias há algo novo para aprender, um dia sempre diferente do outro. Novos aprendizados, metas ousadas e muita força de vontade para alcançá-las”, comenta.

O que mais a deixa triste é ver colegas de trabalho chegando desacreditados na área, achando que é só aquilo e desistindo. “Os profissionais precisam sempre ter em mente a positividade e a dedicação como essência. É importante manter a cabeça erguida, dando sempre o melhor em cada detalhe de sua função.

Nunca saí de uma empresa por incompetência, o ideal é nos empenharmos em tudo na vida.”

Os planos de Cíntia são ir muito mais longe, buscando sempre novos horizontes: o limite é o céu. Por ter um filho com autismo, já teve de deixar a área por cinco anos para dar atenção total a ele. “Após esse período, voltei do zero para a área logística e me senti completamente realizada, pois eu realmente amo trabalhar nisto.”

Com a fama de ser brava, ela lembra que no começo cometeu algumas gafes por ter vergonha de perguntar. “Para trabalhar na área, é preciso ter extrema persistência e buscar conhecimento continuadamente, pois o melhor investimento é aquele aplicado em si mesmo.”

“Só me vejo nas carretas”

Carla da Silva tem 45 anos e é nova na profissão de caminhoneira: trabalha na Sulista há um mês, mas já foi motorista de transporte coletivo por cinco anos e meio. Como já dirigia ônibus, quis seguir na profissão como carreteira. “Pretendo me aperfeiçoar e viajar o mundo. Quero ser uma das melhores como carreteira.”

O que ela diria para as pessoas que querem ingressar nesta profissão? “Acredito muito na força de vontade. Nunca desista.” E sobre o futuro? “Hoje só me vejo nas carretas. É algo muito prazeroso pra mim.”

Dedicação e resiliência

Há 14 anos atuando na área logística, Luciana Gervin é hoje, aos 40 anos, gerente operacional da Soluciona Logística. Ela começou como auxiliar operacional em uma empresa do grupo, na área de planejamento e gestão, chegando ao cargo de coordenadora administrativa.

Em 2011, foi apresentada à área de transportes, onde permaneceu ao longo destes anos. Com muita determinação e comprometimento, foi promovida, em dezembro de 2020, a gerente operacional. “Minha trajetória na empresa esteve sempre ligada ao cliente Renner, que proporcionou grande parte do meu sucesso profissional.”

O que a atrai nesta função é a constante inovação dos recursos e processos dentro da Soluciona. “Hoje estamos investindo em sustentabilidade com veículos elétricos e híbridos (GNV) e nos desenvolvendo com responsabilidade social e preocupação com o meio ambiente. Sinto-me realizada quando vejo o progresso da empresa, colaboradores e parceiros.”

O que a deixa triste nesta função é falta de infraestrutura aos motoristas, que, segundo Luciana, é a peça mais importante e fundamental dentro da cadeia logística. “De modo geral, precisaríamos ter melhores condições nas rodovias, pontos de parada com maior segurança, assistência ao motorista nas estradas, trazendo uma melhor qualidade de vida”, considera.

Ela também não poderia deixar de falar sobre os parceiros, que fazem toda a diferença na operação da empresa. “Um programa de incentivo do governo para renovação de sua frota também seria um grande passo para impulsionar essa transformação.”

Uma lembrança marcante de sua carreira é quando esteve à frente do primeiro teste do caminhão elétrico no cliente. “Foi algo especial na minha vida profissional.”

Seus planos para o futuro são sentir-se realizada em tudo que se propõe a fazer, como mulher, mãe e gestora. A dica para quem quer ingressar nesta profissão é ter determinação, dedicação, resiliência e muito comprometimento com as pessoas, a empresa e o cliente.

Atraída pelo desafio

Única mulher operadora de portêiner – o maior e mais caro equipamento portuário – do porto de Santos, Fabiana do Nascimento Almeida trabalha desde 2013 na DP World Santos.

Ela já foi a primeira operadora de RTG – o segundo maior equipamento do terminal – e fez parte da primeira turma de operadores que viajou, em 2013, para a DP World Callao, no Peru, para se preparar para a atividade. Desde 2020, estava atuando na operação de pontes rolantes no complexo de celulose, equipamento que movimenta a carga dentro do armazém.

“Estou honrada em representar a força de trabalho feminina em uma função em que, até pouco tempo atrás, era impossível de se imaginar uma mulher. Esse reconhecimento da empresa vem para mostrar que temos competência e qualificação para operar equipamentos pesados e poder desenvolver carreira no Porto de Santos”, comemora.

Fabiana conta que quando operava o RTG, precisava se comunicar com profissionais externos, como os motoristas de caminhão. E às vezes, tinha de usar um megafone, quando eles não entendiam o sinal sonoro. “Ao ouvirem a minha voz, ficavam impressionados por ser uma mulher operando o equipamento e chegavam a tirar fotos para mostrar aos amigos ou perguntar para confirmar.”

O que a atrai na função é o desafio. “Quem é operador I quer ir para o II, quem é operador II quer ir para o III, e assim por diante. Eu já estava no IV, então o próximo passo era chegar até aqui. Todo operador sonha em um dia chegar ao portêiner e eu consegui.”

Fabiana quer concretizar o sonho de operar o portêiner sozinha, pois ainda está na fase de treinamento para assumir. “Nesta operação, também quero ter uma trajetória de dever cumprido, assim como fiz nos demais equipamentos, com uma bagagem de trabalho seguro, rápido e de excelência, sem machucar ninguém nem sofrer ocorrências.”

Segundo ela, esta área é ótima, as mulheres são muito bem recebidas, apesar da cultura masculina que existia há anos. “Estou tendo muito apoio dos colegas. Além disso, é uma área de atuação que está crescendo, em que há campo para as mulheres trabalharem, mas para isso, a chave é a qualificação. É preciso se qualificar para a operação de todos os equipamentos portuários, fazer cursos de importação e exportação, compreender como funciona a vistoria e saber o que acontece do gate ao embarque no cais”, ressalta.

A Voz Delas

Atenta às necessidades das caminhoneiras e esposas dos caminhoneiros (chamadas tradicionalmente de cristais) de todo o Brasil, a Mercedes-Benz criou o movimento “A Voz Delas”, em 2019. O objetivo é mobilizar o maior número de pessoas, empresas e entidades – e não só quem trabalha na estrada – para que as ideias das motoristas e das esposas sejam colocadas em prática.

O primeiro passou foi a criação do site https://avozdelas.com.br/, para que elas expressem suas opiniões e mandem sugestões, além de interagirem e encontrarem dicas importantes para o seu dia a dia nesse espaço online. A plataforma digital também servirá para que os futuros parceiros conheçam e participem do movimento “A Voz Delas” junto com a Mercedes-Benz.

Entre as sugestões já enviadas estão melhorar os banheiros dos postos de abastecimento e oferecer locais de espera renovados para os acompanhantes dos motoristas enquanto eles carregam ou descarregam suas cargas em transportadoras, centrais de distribuição e outros locais.

Inquieta e proativa

Destino é a palavra que descreve a trajetória profissional de Bianca Marques de Abreu, supervisora administrativa de frota da Soluciona Logística. Aos 17 anos, começou a atuar em áreas relacionadas a atendimento ao cliente. Após 5 anos, a sede da empresa em que trabalhava seria deslocada para um local muito distante e ela resolveu ativar seu currículo no mercado.

“Havia uma vaga disponível de auxiliar administrativo de frota, enviei o currículo sem pretensão nenhuma, assim como para outras várias vagas e áreas diferentes. Pelo destino, fui selecionada para entrevista e aprovada para a vaga. Nesta mesma empresa, passei pela área de atendimento ao cliente exclusivamente em transporte aéreo. Depois, recebi a proposta da Soluciona também para atuar no departamento exercendo a função de assistente administrativa de frotas. Dois anos se passaram e fui promovida a supervisora”, conta Bianca, que tem 32 anos.

O dinamismo e os desafios são os atrativos da profissão para ela. “Sou uma pessoa inquieta, que ama analisar, resolver problemas e criar processos. Gosto de fazer a gestão da minha equipe sempre compartilhando conhecimento e com brilho nos olhos quando vejo que estão engajados da mesma forma. O melhor é a confiança da equipe em compartilhar qualquer situação ou dificuldade que encontram, são atitudes que me fazem crescer não só profissionalmente, mas também como pessoa”, descreve.

O que a chateia é enxergar alguns gaps entre pares que não fazem bem à saúde emocional das pessoas. Pessoas desmotivadas e sem perspectiva a deixam extremamente abalada. “Por mais que demonstremos as opções disponíveis para que ações não ocorram, talvez não seja o suficiente e necessitem de acompanhamento in loco, sem distinção de áreas.”

Outro ponto que ela é cita é a possibilidade de ter de comunicar um desligamento por redução de custos. “Precisamos criar uma cultura de redução de custos, seja ela no copo descartável, no papel, na preservação da higiene, da energia… De modo que todos enxerguem que pequenas atitudes em curto prazo terão poder de preservar seu emprego”, analisa.

Bianca revela que as pessoas achavam que ela não daria certo nesta área. E confessa que também chegou a pensar nesta hipótese, tudo pelo fato de estar totalmente ligada a áreas administrativas.

“O tempo passou e ocorreram alguns episódios que dependiam de suporte operacional para que eu pudesse finalizar determinadas tarefas, mas nem sempre os retornos vinham no momento esperado. Como sou inquieta, quando preciso resolver alguma pendência, na maioria das vezes não consigo aguardar muito e talvez seja até um defeito. Em determinado instante, me vi dentro da oficina com a roupa suja de graxa e no automático! Só me dei conta mesmo quando o mecânico falou: ‘Bianca! Olha sua situação!’”

Depois deste dia, ela teve a certeza de que não é preciso depender exclusivamente de outras pessoas para entregar uma simples ou grande tarefa, e que é possível contribuir com certas atitudes que acabam trazendo ainda mais as pessoas para perto, demonstrando que não há distinção de um cargo para outro quando há o objetivo final bem definido, de maneira que fique claro que “estamos no mesmo barco”.

Para quem quer ingressar na profissão, sua mensagem é esta: que a perseverança, a força, o foco e a resiliência valem muito a pena quando se tem a certeza de que é aquilo que você determinou para seu futuro.

Muita atenção e esforço

Há 10 meses, Ananda Cássia Matias Santana atua na área logística. Atualmente, com 19 anos, cumpre sua jornada de trabalho como ajudante de almoxarifado da Yamalog. Ela entrou na empresa como “Jovem Cidadã” em 2019 e, com o passar do tempo, foi demostrando um bom trabalho. “Estava sempre buscando desenvolvimento profissional, sempre visando um plano de carreira. Voltei para a empresa sendo a primeira efetiva ouvinte no armazém.”

O que a incomoda na profissão é a limitação de hierarquia. “É preciso inserir novas funções para promoções futuras”, opina. Já o que ela mais gosta são a dinâmica e a diversidade das atividades, bem como a interação com os jovens cidadãos que estão iniciando sua carreira profissional.

Nos planos de Ananda estão terminar a faculdade e ingressar na área na qual está se profissionalizando. “Trabalhar nessa área é um grande desafio que requer muita atenção e esforço.”

Perfeição e profissionalismo

Juliana Maba começou sua carreira na área de logística há um ano e oito meses, na FM Logistic do Brasil. Após se capacitar, assumiu o cargo de operadora de empilhadeira no CD de Itajaí. Com 26 anos, ela revela estar sempre em busca de novos desafios. “Ter a oportunidade de me especializar na área é enriquecedor. E a função de operador de empilhadeira sempre chamou a atenção. É um grande desafio profissional e pessoal.”

Saber que sua função é fundamental para o andamento do processo logístico a motiva a fazer sempre o seu melhor, diariamente. “Gosto de saber que contribuo muito para a empresa com minha profissão”, ressalta.

Juliana acredita que a cada dia o mito de que é um cargo apenas realizado por homens é desmistificado. Hoje, as mulheres podem trabalhar em qualquer área, exercendo todo tipo de função.

No futuro, ela se vê enfrentando novos desafios profissionais na área logística, talvez, em um cargo de maior responsabilidade. “Por enquanto, me dedico para exercer minhas funções com o máximo de perfeição e profissionalismo. Quero ser um modelo de profissional para outras pessoas, principalmente, mulheres.”

Dinamismo nas atividades diárias

Desde que iniciou sua carreira no mercado de trabalho, há 10 anos, Samara Borges da Silva atua na área de logística. Ela, que tem 28 anos, foi “Jovem Aprendiz” e passou por diversos cargos até surgir a oportunidade de fazer parte do Time Yamaha. Atualmente, ela é assistente de transporte II da Yamalog.

“O que mais me motiva nesta função é o dinamismo nas atividades diárias, nunca é algo monótono, sempre estamos trabalhando em atividades diferentes. Nada me deixa triste, eu amo estar aqui, pois faço algo com o que me identifico.”

Seus planos são crescer profissionalmente em conjunto com a organização, sempre entregando o melhor para os clientes. “Para quem quer entrar na área, que esteja preparado para um ambiente agitado e trabalho sobre pressão, pois as responsabilidades com as entregas, prazos e a qualidade nos processos são essenciais. Mas se você gosta de tudo isso, fique tranquilo, você está no lugar certo.”

Algo curioso e especial que ela conta é o fato de a equipe de Operação/Distribuição SP ser composta por 22 pessoas, sendo apenas duas mulheres. “Sinto que aos poucos estamos conquistando todos os espaços, o que é muito gratificante.”

Apaixonada por máquinas

Recentemente promovida à posição de conferente na UPS Brasil, Maria Aparecida Alves Costa atuou nos últimos seis anos como operadora de empilhadeira para a empresa na divisão de Logística de Contrato. Como conferente, também dá suporte ao estoque e tem acesso à empilhadeira.

Ela entrou na UPS como auxiliar de estoque, assim que as operações logísticas foram iniciadas no galpão. Quando o estoque já estava montado, foi convidada a fazer parte do time de inventário. Maria foi designada a contar as peças das prateleiras inferiores, e precisava de ajuda de outros operadores para fazer a contagem nas prateleiras mais altas. “Eu tinha de ficar esperando eles fazerem a contagem das peças mais altas e isso me deixava triste porque eu queria fazer o meu serviço por completo. Então fui atrás do curso para operar a empilhadeira e meu supervisor me deu a oportunidade.”

O que ela mais gosta na função é a independência. “Não preciso de ninguém e tenho autonomia para contar, baixar e separar todas as peças. Faço tudo do começo ao fim. Sempre gostei de carros, motos, tudo que envolve motor. Máquinas são a minha paixão.”

Maria nunca se sentiu inferior por ser mulher nesta posição, pelo contrário, se sentia muito orgulhosa. “Quando recebemos visitas no galpão, as pessoas se admiram em me ver nesta função. Os funcionários homens que também são operadores de empilhadeira sempre me admiraram.”

Com relação ao futuro, pretende continuar com os treinamentos em dia, mesmo se estiver em uma posição superior, para que, em caso de qualquer necessidade, possa continuar operando máquinas. Para atuar na área, ela diz que é preciso gostar e ter muita responsabilidade. “Você precisa ter a visão de como se estivesse dirigindo seu carro com a família dentro.”

Maria já pegou visitantes tirando fotos dela trabalhando. “Eles acham muito legal ver uma mulher nessa função, e eu me sinto lisonjeada. Já recebi vários reconhecimentos e isso me fez continuar seguindo em frente.”

Força de vontade e paciência

Mãe de 3 filhos, Alzira Aparecida da Silva tem 50 anos e é sequenciadora de bancos, prestando serviço pela Sulista na Volkswagen há 2 anos e 6 meses. Sua história profissional começa em São Paulo. Quando a empresa onde trabalhava entrou em crise e dispensou várias pessoas, passou a fazer bicos e, como pagava aluguel, a situação foi ficando apertada, pois tinha filho que ainda dependia dela. Sua irmã, que morava em Curitiba, a convidou para ir à cidade arrumar emprego. Já fazia 9 meses que estava desempregada.

Alzira chegou em Curitiba com o filho, Leonardo, descansou uma semana, imprimiu currículos e na segunda semana saiu distribuindo. Como não tinha dinheiro, foi andando pela avenida Salgado Filho, onde fica a Sulista. Andou o dia todo e nada. No outro dia, saiu novamente. Quando chegou em casa, o sobrinho disse que alguém tinha ligado.

“Era um anjo chamado Evelyn Mayza, marcando uma entrevista para o outro dia. Falo anjo porque já tinha feito várias outras entrevistas e só olhavam mal para mim. Mas a Evelyn, antes de chamar o chefe para me avaliar, me falou uma coisa que me deu mais força: ‘vou chamar o Alex e ele vai perguntar se a senhora consegue, fala que sim, porque tenho certeza que a senhora vai conseguir’. É muito difícil encontrar uma pessoa hoje em dia que deposita confiança no seu trabalho sem vê-lo antes. O Alex é outro anjo também. Eu só tenho a agradecer aos dois.”

O que a atrai na profissão é o conhecimento e o aprendizado que uma empresa de automóveis proporciona. “Todo dia é algo diferente, gosto de tudo. É diferente dos outros empregos.” Seu plano é fazer um curso no ano que vem.

No entanto, Alzira comenta sobre alguns homens preconceituosos, porque é a primeira mulher a trabalhar nessa função. Isso a deixa triste. “Conquistei a confiança e a credibilidade da maioria, mas ainda existem aqueles que não acreditam.”

Para as pessoas que querem ingressar nesta profissão, ela diz para ter muita força de vontade e paciência. “Acho que para fazer qualquer coisa, primeiro tem de querer e ter muita força de vontade até conseguir.”

Alzira conta que quando fez um ano na empresa, comentou com os meninos da linha de montagem, que deram os parabéns e fizeram algumas revelações… na época que ela entrou, conversando entre eles, um disse que não dava dois dias para ela desistir, outro deu uma semana e outro um mês. “Todo começo é difícil, mas é preciso aprender, tentar fazer o melhor a cada dia e persistir. E se tiver a sorte de encontrar pessoas que apostam em você e ter ótimos chefes é melhor ainda.”

Ela também agradece a sua irmã Arlete.

Capaz de abraçar qualquer trabalho

Maria Aparecida da Silva Miranda é operadora de empilhadeira na UPS Brasil, na divisão de Logística de Contrato, e atua há cinco anos na área. Ela entrou na UPS como auxiliar de estoque e foi convidada a exercer a função de operadora de empilhadeira após ter feito um curso específico. “Eu abracei essa função e no começo achei muito desafiador.”

O que a atrai na profissão é a independência. “Uma mulher que é operadora de empilhadeira superou barreiras e está pronta para mostrar que somos capazes. Gosto muito da minha função e é muito gratificante para mim poder atuar dessa forma, mas ainda assim eu almejo um crescimento para outras posições.”

Maria revela que se sente muito bem na UPS e nunca foi vítima de preconceito. “Sempre fui admirada pelos meus colegas ao exercer essa função. Nunca ouvi qualquer comentário negativo a respeito.”

Maria está estudando e fazendo cursos, almejando uma posição superior. “Não que minha função seja ruim, mas eu quero continuar crescendo na empresa. Na UPS temos muitas oportunidades de crescimento e quero estar pronta para elas.”

Para as pessoas que querem ingressar nesta profissão, ela diz para sempre seguir em frente e nunca desistir dos seus sonhos. “A função de operadora de empilhadeira é muito boa, e nós mulheres somos, sim, capazes de abraçar qualquer trabalho. Muita gente me admira por onde eu passo e fico feliz por isso. No começo eu tinha um pouco de medo, ficava muito apreensiva. Porém, aos poucos, fui me acostumando e venci essa barreira. Fui pegando confiança e nunca tive nenhum acidente.”

Quebrando tabus

“Vou me juntar a ela e quebrar tabus!”. Foi isso que Andreia Costa de Araújo pensou ao conhecer uma mulher que operava empilhadeira. “O encanto foi tanto que iniciei o curso profissionalizante e hoje atuo na área, me sentindo completa e feliz na Yamalog. Amo os desafios que a profissão me proporciona.”

Mesmo com tanta evolução em direitos iguais, Andreia comenta que o machismo impera, sendo triste e frustrante ouvir que “mulher não leva jeito pra isso, mulher é roda dura, homem entende mais.” No entanto, ela também já recebeu muitos elogios por sua atuação.

Ela conta que neste último Dia das Mulheres, foi descarregar uma carreta na filial e o motorista disse que era para ela tomar cuidado, porque mulher não é muito boa nisso. “Descarreguei 56 motos com uma extrema indignação dentro de mim. No final, ele me elogiou e disse que eu mandava bem, embora não tenha mudado minha indignação.”

Para a operadora de empilhadeira, são necessárias campanhas de conscientização falando sobre a igualdade de gênero e mais oportunidades para as mulheres na operação. “Talvez isso ajudaria a minimizar e demonstrar que lugar de mulher é onde ela quiser! Porque a única coisa que não podemos é o que ainda não tentamos.”

Seu plano para o futuro é continuar vivendo em constante evolução e aprendizado, contribuindo de forma positiva para a organização. “Quem sabe obtendo, assim, outro patamar e ganhando oportunidades dentro deste grandioso time.”

Para quem quer ingressar na profissão, a dica da Andreia é: “sigam sempre em frente, é um universo encantador, cheio de desafios e aprendizados que nos engrandecem, é uma magnífica profissão, desde o encaixar das rotas até sua distribuição. Não minto, é cansativo, mas movimentamos o mundo com apenas uma lança e isso é mágico.”

Sempre aprendendo mais

Mirele Katiane Souza da Silva tem 33 anos e é ajudante de almoxarifado da Yamalog. Ela atua na área há 2 anos e 3 meses. “Fui contratada como ajudante, porém, desempenho um trabalho fundamental para o andamento do setor, com a experiência e os conhecimentos que adquiri dentro do mercado de trabalho.”

O que a atrai na profissão é a responsabilidade de fazer um trabalho correto e levar o Kando para o cliente final. Kando é uma palavra em japonês que descreve os sentimentos simultâneos de profunda satisfação e intenso entusiasmo que experimentamos quando encontramos algo de valor excepcional, conforme consta na missão corporativa da Yamaha.

“O que eu mais gosto de fazer é a conferência do item antes de colocar no estoque. Sempre estou buscando aprender mais dentro da minha função”, expõe. Seus planos para o futuro são aprimorar os conhecimentos e o desenvolvimento pessoal e profissional.”

Pioneirismo

A Braspress, tradicional empresa de Encomendas, é pioneira na contratação de mulheres para dirigir seus caminhões, realizando um programa de treinamento específico para que elas se transformem em verdadeiras profissionais de volante.

A empresa começou a contratar motoristas mulheres em 1998, como uma ação de seu departamento de marketing. E isso desencadeou uma história de muito sucesso, competência e força feminina no transporte brasileiro. Hoje, a Braspress emprega mais de 1.528 mulheres em suas mais de 100 filiais espalhadas por todas as regiões do Brasil.

Os controles internos mostraram que as motoristas mulheres têm maiores cuidados operacionais com os veículos, colaborando para a manutenção dos caminhões, e sabem ser educadas nos relacionamentos com os clientes e no trânsito são pacientes.

‘’Com isso, ocorreu a redução de batidas e dos custos de manutenção, incluindo funilaria e uma conservação dos veículos muito mais eficiente. Além do que, temos encontrado em nossas motoristas mulheres um diálogo muito mais eficaz com os nossos destinatários, mesmo nos centros comerciais e industriais’’, finaliza Urubatan Helou, diretor-presidente da empresa.

Conhecimento e crescimento na carreira

Há 9 anos, Andressa Cardoso de Oliveira começou a trabalhar em uma empresa de refrigeração, onde atuou no almoxarifado e foi conferente. Trabalhou também em uma rede de supermercados, conferindo a validade dos produtos. “Então retornei para a indústria, onde conheci a logística interna, realizando o abastecimento na borda de linha. Atualmente, sou auxiliar de logística na Maxton, realizando armazenagem dos itens e também o picking na separação dos pedidos.”

Andressa, que tem 32 anos, gosta de não ter rotina na profissão e lidar com a grande diversidade de estoques/materiais recebendo, armazenando e separando pedidos. “O que me incomoda é quando temos o processo de armazenagem errado, com posições invertidas e trocadas, pois isso dificulta o processo de picking, gerando gargalo na operação”, conta.

Para o futuro, pretende continuar adquirindo conhecimento e crescer na carreira dentro da logística. Para quem quer ingressar no mercado, ela dá o recado: diante de um mundo cada vez mais globalizado, com o advento do e-commerce, não faltarão oportunidades para profissionais da logística.

Diversidade em Movimento

Sensível à causa das mulheres, a Transportadora Sulista passou a trabalhar com foco na diversidade. “A empresa sempre teve um olhar diferenciado para contratar mulheres, principalmente na administração, onde 14% do quadro é feminino. Mas, quisemos avançar para o quadro de motoristas e definimos uma meta de mulheres no volante”, conta Josana Teruchkin, diretora executiva.

Assim nasceu o Projeto Diversidade em Movimento, proposto para o cliente Tupy. Hoje, duas mulheres motoristas já estão em operação, e há vagas em aberto. Elas operam a rota LEAR x BMW (Joinville x Araquari) e na rota Adient x Audi (em São José dos Pinhais). “Atuando em rotas urbanas, podem dormir em casa com suas famílias. Isso é bem importante e um cuidado que tomamos. Nosso objetivo é ter motoristas mulheres que permaneçam conosco, que tenham condições de trabalhar e cuidar das questões pessoais, como casa e família. Nossa estruturação está acontecendo com muito zelo e atenção”, destaca Josana.

Além da contratação de mulheres motoristas e a cuidadosa definição da rota de trabalho, a Sulista fez ajustes no hotel de trânsito da empresa, que fica em São Paulo. Feito especialmente para motoristas, o hotel conta com quatro quartos coletivos, sendo um deles exclusivo para mulheres. “Com o projeto Diversidade em Movimento – e pensando na inclusão de profissionais mulheres em nossa operação – temos de ter estrutura adequada para recebê-las. Precisam se sentir à vontade também na hora de descansar”, expõe a diretora.

Dedicação e comprometimento

A conferente da Maxton Logística Francieli Ganassini, de 40 anos, adora o dinamismo que esta área proporciona, permitindo participação em todo o fluxo de materiais, desde a chegada no armazém até a expedição para os clientes finais. “Isso me chama a atenção e desperta o interesse profissional.”

Francieli tem 40 anos e trabalha há 11 na área. Ela iniciou como auxiliar de produção e aos poucos foi se interessando pelo setor de logística. “Recebi uma proposta para trabalhar como conferente e foi aí que me identifiquei com essa função.”

O que a incomoda é quando não existe por parte de outros setores o devido cuidado e respeito aos processos logísticos. Para ela, é preciso investir em treinamentos e fazer com que todos conheçam e entendam a importância da cadeia logística.

No futuro, Francieli espera buscar mais conhecimento na área e estar sempre preparada para as constantes evoluções do setor. “Às que querem ingressar na profissão, que estejam preparadas para as oportunidades e que tenham dedicação e comprometimento.”

Fonte: Revista Logweb


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