Minha carreira começou de um modo despretensioso. Nasci em Belo Horizonte, morei lá por 18 anos da minha vida, até meu pai abrir a TransJordano em Paulínia, interior de São Paulo, em 1998, quando mudei de estado.
Quando vim para São Paulo, fui fazer uma graduação em Administração e trabalhar com meus pais. Então, ali iniciou minha carreira. Na época, a empresa ainda era pequena. Éramos em 5 ou 6 pessoas trabalhando lá, com muita coisa ainda feita no papel e pouco informatizada.
Aos poucos fui gostando, assumindo mais responsabilidades, trocando o que era feito manualmente por sistemas e implantando processos de qualidade automatizados. No começo, eu não imaginava fazer o que eu faço hoje. Na verdade, nem imaginava que eu poderia chegar onde cheguei.
Em um determinado momento, eu abri muito minha cabeça para as coisas novas. Fiz diversos cursos e comecei a atuar com mais clareza e mais objetivos. Me apaixonei pelo que eu faço. Não me imagino fazendo outra coisa. Parando para pensar, todas as outras coisas que eu faço, além da TransJordano, tem a ver com o ramo de transportes.
O que me deixa mais realizada dentro do trabalho que desenvolvo é saber que ajudamos milhares de famílias. Atualmente, temos 800 funcionários. Fazendo um cálculo rápido contribuímos com mais de 2.400 pessoas. De forma geral, saber que contribuímos com os nossos profissionais, assim como eles colaboram com a empresa, é algo muito satisfatório.
Já sofri muito para conciliar as tarefas da vida pessoal com a atividade profissional. Trabalhava, inclusive, aos sábados. Cresci com essa cultura de que você precisa produzir todos os dias da semana e que deve haver um horário fixo, das 8h às 18h. Mas aos poucos fui vendo que não, que você pode ser mais flexível e produzir igual e que é necessário quebrar esta crença de que precisamos trabalhar até tarde para entregar resultados e ser feliz.
Aí depois veio a maternidade, o que hoje eu concilio muito bem. Porém no início, sofria muito por ficar longe dos meus filhos e sair para trabalhar. O amadurecimento nos ajuda muito nisso, e aos poucos, tudo se encaixa, e você consegue chegar ao equilíbrio. Uma palavra muito presente nas vidas de todas as mulheres.
Sou também uma pessoa muito organizada em termos de agenda. Anoto tudo que vou fazer e coloco minhas prioridades. Aproveito para encaixar um tempo para fazer coisas que me deixam feliz e realizada.
Sabe, empresas familiares não são fáceis, às vezes é uma confusão e aí você se questiona “será que vale a pena continuar? Preciso mesmo passar por isso? Vale a pena?”.
Nesse questionamento interno, cheguei à conclusão que o que eu quero é levar a empresa mais adiante e continuar o legado da minha família.
Me considero uma profissional muito realizada. Tenho diesel na veia. Estou em uma posição muito favorável. A empresa está em constante crescimento, conseguimos levar adiante o nosso propósito, que é abastecer o mercado com segurança e eu acho que isso é muito bom.
O transporte é algo que muda muito rápido, mudanças que acontecem de forma repentina são as maiores dificuldades. Principalmente, do ponto de vista operacional.
Claro que existem maneiras, através do planejamento, de diminuir os impactos dessas mudanças, o principal deles, é o diálogo com os clientes e a capacidade de se planejar em diversas situações.
Ser uma pessoa resiliente é muito importante e me fez crescer nesses momentos. Óbvio que não é fácil, muitas vezes você perde o gás, mas aí encontro coisas que me inspiram para me fazer voltar este gás.
O mercado de transporte já foi 100 vezes mais masculino, mas não podemos negar, que mesmo com os avanços, ele ainda permanece bastante masculino. Geralmente, quando você chega em uma reunião 10% é mulher, porém, em vários outros setores sofremos com isso também.
Esse preconceito vem de muito tempo, quando as mulheres ainda não trabalhavam e os homens que alimentavam a família. Esse comportamento mudou, só que ainda estamos sofrendo com os resquícios. Entretanto, vejo uma enorme transformação chegando, pouco a pouco.
O que podemos fazer para acelerar esse processo é trazer conhecimento para as pessoas, mostrar pesquisas e dados, e ter cada vez mais mulheres sendo protagonistas, mostrar que a diversidade dá um resultado muito melhor.
Quando você vê esse projeto Vez e Voz, feito para mulheres do TRC inspirarem mais mulheres, percebe que teremos mais força para acelerar esse processo da diversidade nas empresas e na sociedade. Para isso, precisamos continuar nos apoiando.
O mundo corporativo e a sociedade como um todo estão aprendendo sobre o que é a equidade. Acredito que o que tem que ser mudado começa pela educação, desde dentro da nossa casa, com nossos filhos. É importante ensiná-los sobre equidade e equilíbrio.
Então para as mulheres que às vezes estão com medo de assumir um desafio, saibam que tem gente que já está se inspirando em você... e você ainda está aí parada pensando. Então, corra, confie e siga em frente!
*Por Joyce Bessa - Head de Gestão Estratégica, Finanças & Pessoas na TransJordano
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