“Quem é que vai dar a oportunidade? As pessoas precisam começar de algum lugar” questiona psicólogo durante reunião do Vez & Voz
- Vez & Voz
- 10 de jul.
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No último encontro da comissão, foram discutidas estratégias de recrutamento com foco nas habilidades comportamentais, também conhecidas como competências socioemocionais.

“Para entender o que é a seleção por competências, é importante lembrar como fazíamos antes: olhávamos o currículo, analisávamos as últimas experiências da pessoa e, com base nisso, decidíamos se ela seguiria no processo”, explicou Micael Vital, psicólogo organizacional do SETCESP, durante a reunião da comissão realizada em 1º de julho.
Pesquisas recentes apontam que a força de trabalho mundial está envelhecendo. Atualmente, as empresas de transporte rodoviário de cargas já vêm sentindo a dificuldade em encontrar mão de obra qualificada, especialmente quando falamos da função de motoristas. O que agrava ainda mais a situação é que há pouquíssimas mulheres atuando nesse segmento.
Micael provocou a reflexão: “quem é que vai dar a oportunidade? As pessoas precisam começar de algum lugar.” Ele destacou que, muitas vezes, espera-se encontrar o “profissional pronto”, sem considerar o investimento no desenvolvimento.
Segundo o psicólogo, as empresas não devem ter medo de contratar pessoas sem experiência e capacitá-las, mesmo correndo o risco de que, depois, elas sejam contratadas por outras organizações. Esse movimento já acontece de forma natural no mercado. “Se mais empresas se dispusessem a treinar, teríamos mais profissionais qualificados à disposição”, afirma.
O vice-coordenador do Vez & Voz, Sérgio Póvoa, também contribuiu com a discussão, destacando a importância de ouvir as mulheres já contratadas pelas empresas para colaborar com a retenção de talentos femininos. “Às vezes, o que elas precisam são pequenas intervenções. Ouvi-las faz muita diferença. Quem está dentro da organização sabe o que está atrapalhando. Pergunte: o que te faria deixar a empresa hoje?”.
Sérgio chamou a atenção para a importância de criar um ambiente propício para essas conversas. Perguntas difíceis exigem cultura organizacional, clima e espaços seguros para as respostas virem de forma verdadeira.
A reunião contou também com a participação de Deborah Cardoso Correa, advogada, conselheira consultiva e recém-nomeada delegada representante da Regional Sul do Pacto Global. Em sua apresentação, Deborah destacou que o Pacto Global pretende lançar um guia orientador para as empresas e convidou todos os presentes a trazerem a pauta do TRC para dentro do Pacto.
Encerrando o encontro, Sérgio Kaskalian, do Grupo Planeta Caminhão, compartilhou os resultados de uma pesquisa qualitativa realizada em parceria com o movimento A Voz Delas, que ouviu motoristas de caminhão e ônibus. Uma das principais conclusões do levantamento é que as mulheres consideram não apenas a estrutura física das empresas para sua permanência no setor, mas principalmente a representatividade, visibilidade e inclusão.
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