Não é novidade para ninguém que a participação feminina na política brasileira é muito pequena. Uma pesquisa feita pela ONU (Organização das Nações Unidas) para o Mapa das Mulheres na Política em 2020 mostrou que o Brasil ocupa a posição 142ª quando falamos em representatividade feminina no parlamento. A análise foi feita entre 193 nações e tem, por exemplo, países como Etiópia no 31ª lugar e Ruanda em 1ª.
Passados dois anos, e com uma eleição municipal recente, esse cenário não mudou. O Instituto Alziras, com o apoio da Fundação Konrad Adenauer e em parceria com a Confederação Nacional de Municípios (CNM), a Associação Brasileira de Municípios (ABM) e a Frente Nacional de Prefeitos (FNP) fez o seu segundo censo sobre prefeitas no Brasil. E os resultados são alarmantes: apesar de representarmos 52% da população nacional, as mulheres governam apenas para 9% da população. E esse número fica ainda pior quando fazemos o recorte apenas das mulheres negras.
Mulheres na política é obrigatório
Em julho de 2021, o Senado aprovou um projeto para que houvesse uma obrigatoriedade mínima de cadeiras ocupadas por mulheres na Câmara dos Deputados, nas assembleias legislativas dos estados, na Câmara Legislativa do Distrito Federal e nas câmaras de vereadores. Em abril deste ano, a Câmara aprovou uma emenda fazendo com que os partidos sejam obrigados a destinar, pelo menos, 30% dos recursos das campanhas eleitorais para as candidatas mulheres.
No censo do Instituto Alziras, foram entrevistadas 42% das 673 prefeitas do país —o Brasil tem, no total, 5570 cidades. Delas, 62% acredita que as mulheres não estão representadas de forma proporcional e justa na tomada de decisões dos seus partidos. E para 47% delas, a falta de recursos para suas campanhas é, justamente, o maior obstáculo para que tenhamos mais mulheres na política e disputando cargos públicos —tanto que 90% delas concordaram que é muito importante a garantia dos 30% de recursos financeiros para campanhas femininas.
Violência na política
Casos de violência contra mulheres na política acontecem com bastante frequência. Seja por ações dentro das câmaras e assembleias, como aconteceu com a deputada Isa Penna (PCdoB), que teve os seios apalpados durante uma sessão na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), em 2020. Na ocasião, o deputado estadual Fernando Cury, então do Cidadania, se aproximou por trás da deputada, colocou e manteve as mãos em seu corpo.
Não à toa, 58% das prefeitas entrevistadas afirmaram que foram vítimas de assédio ou violência política —e 28% acredita que isso foi consequência de uma perseguição ideológica.
As estatísticas desses crimes não são exatas porque muitas mulheres, da política ou não, escolhem não fazer a denúncia. A pesquisa mostra que 40% das prefeitas que foram vítimas não prestaram queixa por não acreditar na eficiência da apuração do caso, e 50% das que registraram o ocorrido acreditam que seus agressores não foram justamente punidos.
Fonte: Uol
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