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Kássia Ferreira: “O maior desafio, é nos fazer sermos ouvidas”

Eu comecei a trabalhar na RGLOG há pouco mais de dois anos, após ter meu estágio encerrado porque a empresa estava fechando. Precisava do salário para arcar com as despesas e não queria largar a faculdade. O estágio era em Engenharia Civil, mesma área na qual agora sou formada.

Acervo pessoal

Quando a RG LOG me chamou, inicialmente, foi para trabalhar como ajudante geral na área da produção e triagem. Por incrível que pareça, a maioria trabalhando lá são mulheres. Isso é realmente incomum, e merece ser destacado. 

Na triagem, a gente trabalha com peças a granel. Fazemos a distribuição dessas peças no porta palete e a separação delas, em vários tipos, para serem enviadas a recebedores diferentes.

Recentemente, em um processo seletivo na RGLOG para atender ao aumento da demanda de um cliente em especial, estavam abertas 20 vagas e 12 dos contratados foram mulheres.

Em menos de cinco meses do meu início fui promovida a assistente de logística e passei a integrar o setor da Qualidade. Desde então, tenho crescido. Novamente tive uma promoção, e atualmente estou como assistente de qualidade sênior.

Sabe, na transportadora, eu especificamente, não senti o desconforto por ver as mulheres sendo minoria, igual acontece na construção civil. No caso do meu estágio, era uma mulher em uma leva de 14 homens, entre mestre de obras, pedreiros, serventes, etc.

Considero que o maior desafio que tive na empresa e que nós mulheres partilhamos, no geral, é nos fazer sermos ouvidas.

Acervo pessoal

Por experiência própria, posso dizer que profissionais acomodados com o tempo de casa não gostam de ser cobrados, mesmo que o que esteja sendo exigido não seja nada além daquilo que foi combinado.

Na gestão de pessoas, lidar com a reação de quem está há mais tempo nem sempre é fácil. Aos poucos, tenho conseguido solucionar essa questão, porém é um dos problemas que eu poderia falar que incomoda bastante.

Já passei por algumas situações bem constrangedoras. Eu sou uma mulher negra de cabelo crespo com “corte Joãozinho”. Aconteceu que uma vez um colega me falou: “nossa, você era tão mais bonita com cabelo comprido”.

Depois outro, que eu tive que passar uma orientação, me disse exatamente assim: “essa menina ‘tá achando que é alguém para vir aqui falar, ainda mais com esse cabelinho mais ou menos dela”.


Acervo pessoal

O sangue ferveu, veio à cabeça. Mas a gente não pode perder nosso profissionalismo, porque os outros não têm.

A primeira vez, eu repassei o ocorrido para o meu gestor. Ele apoiou completamente. Na segunda, eu mesma disse na hora: “não gostei da forma como você falou, quero respeito como profissional e, se você não me respeitar, eu vou passar a situação para o RH tomar sérias providências”.

Como eu encerrei o papo, muita gente me achou radical demais, mas se você não impõe limite, a pessoa acaba fazendo só o que quer.

Discriminação de gênero, etnia e outros estereótipos são assuntos necessários de serem debatidos, porque se a gente não falar o que estamos vivendo, como as outras pessoas vão saber o que nos aflige???

A live do Vez & Voz de que participei me ajudou muito a ampliar a visão de mundo. Eu adorei participar. Foi importante saber que tem alguém interessado em ampliar essa grade de apoio feminino.

Ver mulheres indo além, nos inspira a querer mais, o exemplo desperta a ideia de que se ela chegou lá eu também consigo. É importante ver que a gente está conquistando o espaço que onde realmente, a gente quer estar.

Importante dizer que sem apoio eu não teria chegado onde estou hoje. Quando eu falo em apoio, eu estou me referindo aos meus pais. Eles são a base para tudo que eu tenho.

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Eles me motivam a buscar conhecimento, ter confiança e garra. Sempre aconselharam: “filha, se você realmente quiser algo e correr atrás e se esforçar mais do que os outros, você vai conseguir!”.

A mensagem que eu deixo aqui é que independente do desfiladeiro, da montanha ou do vale, se você deseja algo, trace uma linha reta até o seu objetivo e siga em frente.

Por Kássia Ferreira, assistente de Qualidade Sênior na RG LOG

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