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Violência de gênero: Projeto Justiceiras é apresentado na reunião da comissão do Movimento Vez e Voz

Criado na pandemia, o projeto já atendeu milhares de vítimas e reforça o papel das empresas na prevenção e acolhimento

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“Quando falamos de violência, acreditamos que ela está distante, mas pode estar acontecendo com você, uma amiga ou uma colega de trabalho”, afirmou Camila Florencio, coordenadora do Movimento Vez e Voz, durante a reunião da comissão, realizada no dia 5 de agosto.

O encontro teve como destaque a apresentação do Projeto Justiceiras, que atua no combate e prevenção à violência de gênero por meio de canais e sistemas alternativos de acolhimento. A iniciativa foi apresentada por Najara Barreto, diretora executiva do Instituto Justiça de Saia e do Projeto Justiceiras, representando a promotora de Justiça Dra. Gabriela Manssur, idealizadora da ação.

O Justiceiras surgiu durante a pandemia em um contexto de isolamento social, quando delegacias e o sistema judiciário estavam fechados. A ausência de denúncias chamou a atenção da promotora, que decidiu criar um canal de denúncia online. Em apenas uma semana, o projeto recebeu mais de mil pedidos de ajuda.

Atualmente, o Justiceiras mobiliza mais de 19 mil voluntárias em todo o país - entre elas advogadas, psicólogas e profissionais da rede de atendimento -, sendo um dos maiores canais de denúncia online do Brasil. O projeto oferece orientação jurídica, apoio psicológico e uma rede de acolhimento com escuta ativa às vítimas de violência.

De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2024 foram registrados 1.467 casos de feminicídio no Brasil. Em oito de cada dez ocorrências, as vítimas foram mortas por companheiros ou ex-companheiros, e 64,3% dos crimes aconteceram dentro de casa - justamente locais onde essas mulheres deveriam estar seguras.

Além das graves consequências sociais, a violência contra a mulher impacta diretamente o ambiente de trabalho. “As empresas perdem. Essa mulher produz menos, muitas vezes precisa se afastar, se isola, e acaba sendo demitida. As mulheres ficam para trás.”, alertou Najara. Ela reforçou a importância de um olhar mais atento por parte das organizações. “Ao falarmos com as empresas, percebemos um aumento nas denúncias. A empresa tem uma voz forte na sociedade. É ela quem pode gerar impacto. ”

Camila Florencio acrescentou que, no último Índice de Equidade do Movimento Vez e Voz, apenas 30% das empresas declararam possuir ações de orientação ou prevenção à violência doméstica. “Quando incluímos esse item no índice, houve questionamentos. Mas ao longo desses três anos de acompanhamento ficou claro que as empresas têm, sim, papel relevante nesse tema. Elas podem debater, acolher e ajudar a transformar essa realidade. ”

A discussão também abordou a necessidade de olhar para os homens de forma humanizada. “O machismo é estrutural. Precisamos despertar os homens para essa desconstrução. É preciso qualificação e capacitação para que eles compreendam o quanto as mulheres da sociedade, sejam elas mães, esposas, filhas, são prejudicadas por esse ciclo de violência”, ressaltou Najara Barreto. Um exemplo é o projeto E Agora, José?, que promove grupos de reflexão para autores de agressões leves encaminhados pela Justiça.

Por fim, as participantes Lívia Costa, da Transporte Dia e Noite, e Juliana Abreu, da Newe Logística, manifestaram preocupação com o fato de que gerenciadoras de risco não apontam casos de violência doméstica nas análises de perfil. Assim, a busca deste tipo de informação acaba ficando a critério exclusivo das empresas.

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O movimento Vez & Voz é uma iniciativa do SETCESP - Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região.

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