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Josemeire Gomes: “Ninguém pode sufocar a voz de ninguém”

Olhando para toda a minha trajetória profissional, me sinto muito feliz. Embora acredite que sempre há tempo para o aprendizado, e temos que estar abertos a novas possibilidades.


Faz 13 anos que conheci de perto o transporte rodoviário de cargas e passei a viver o dinamismo do setor, que é viciante. Já não me vejo longe disso tudo, nem sequer quando me aposentar. Claro que em algum momento isso acontecerá, mas por vontade própria, acredito que nem mesmo nesse estágio da vida.


Eu ingressei na área quando fiz uma entrevista na JEM/DFL Transportes. Naquele momento desejei trabalhar nessa empresa. Aquele pensamento instintivo foi confirmado quando fui chamada para ocupar uma vaga no SAC. De assistente fui galgando novos cargos como o de supervisora, de coordenadora, de gerente até chegar onde estou hoje, na Diretoria Corporativa.


Minha formação, até então, era na área da educação ­– e eu até confesso que já tive o sonho em lecionar, mas me decepcionei com realidade da educação que é bem diferente da apresentada na teoria. Então tive que rever minhas expectativas e trilhar outros caminhos, que por sorte, me levaram ao transporte.




Obviamente, no transporte rodoviário de cargas também existem dificuldades. Em primeiro lugar, são as próprias rodovias, as condições de infraestrutura, que muitas vezes deixam nossas performances aquém do desejável.


Outro ponto que atualmente impacta bastante são os preços do combustível. Trabalhamos com reajustes programados ao cliente. Só que os aumentos de diesel, elevam o valor da nossa operação e, em contrapartida, não temos a possibilidade de repassar esses custos em nossos fretes na mesma rapidez e proporção necessária. É um assunto delicado, e tem sido nosso maior gap.


Mesmo com todas essas adversidades, as quais venho aprendendo a superar no dia a dia, lembro de alguém que uma vez disse: quando fazemos aquilo que amamos não trabalhamos nenhum dia de nossas vidas. Vejo isso de forma muito prática e saudável na minha história.


A minha conciliação entre vida pessoal e profissional acaba sendo natural, pois as pessoas que me cercam sabem que trabalho em algo que gosto. Então, existe uma cooperação, e no meu caso, não tenho dificuldades. Essa conciliação hoje, acontece de forma muito tranquila. Sei que sou privilegiada, e agradeço a isso.


Para a mulher a carga de trabalho é aumentada devido sua demanda externa, como o cuidado com a família e filhos.


Competência nós temos, mas eu sei que para muitas conciliar todo esse universo dinâmico, tendo que contar com o entendimento família, pode ser um entrave de difícil transposição.

As mulheres têm se inserido cada vez mais no transporte de cargas, porém o ambiente ainda é de maioria masculina, devido a demanda de tempo e disponibilidade que ele exige.


Em outras áreas, acredito que a equidade de gênero atinja o ideal em curto espaço de tempo, notamos uma certa evolução cultural nesse sentido. Entretanto no transporte, eu vejo esse caminho mais longo de ser atingido.



Suponho que tudo deve ter um começo. O movimento feminista, por exemplo, tempos atrás abriu espaço para o diálogo, e para o posicionamento. Em contrapartida, vejo o radicalismo descaracterizando-o e crescendo, e esse fator não é bem-vindo em nenhum movimento.


Acredito muito na ponderação e no bom senso, se ambos não existirem não há um propósito em comum.

E afirmo a necessidade real de todos terem sua vez e voz: a mulher, o indígena, o trabalhador, a dona de casa, os homens, as pessoas da melhor idade... enfim, todos os grupos que de alguma forma representam as minorias.


Porém nenhuma dessas vozes ou movimentos podem tentar sufocar a voz de ninguém ou de um grupo. Temos que ser iguais de fato e de direito.

Virou clichê, mas acredito muito que o lugar da mulher é onde ela quiser. Por isso jamais devemos deixar um sonho, ou uma realização, porque a sociedade diz que “aqui mulher não pode”. Pode, sim! Desde que ela saiba respeitar seus limites e o limite do outro, ela pode e poderá sempre.


Por Josemeire Gomes, diretora Corporativa da JEM/DFL Transportes.

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