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Karen Silva - Ela parou para descansar e não desistiu

Por volta dos meus 15 anos comecei a trabalhar em uma gráfica no mesmo bairro onde moro. Eu estudava à tarde, então ia sempre antes e depois da escola. Lembro na época que a motivação para este primeiro trabalho era que eu queria comprar um tênis. Sim e os comprei.


Adolescente, de uma família simples, filha de pai metalúrgico e mãe dona de casa. Tenho dois irmãos, um é 1 ano mais velho do que eu, e uma 10 anos mais nova.


Então surgiu a oportunidade de fazer um curso profissionalizante – o CAMP OESTE. Terminado o curso, fui admitida como menor aprendiz em uma empresa da região da Lapa/SP, a “marra” (como assim diziam) e a curiosidade fizeram com que antes da maioridade eu fosse promovida a supervisão do setor de devoluções de encomendas. “Emancipada”, cheia de sonhos e responsabilidades.


Foram muitos desafios, a imaturidade e o preconceito - Além de ser mulher, ainda tinha pouca idade, o que fez alguns colaboradores chegarem a se demitir alegando “não querer responder para alguém com idade para ser sua filha”. Mas a determinação foi meu sustento e nada poderia me parar.


Conheci e convivi com muitas pessoas de diversos perfis, que me ensinaram o que fazer, entretanto também muitas vezes, o que não fazer.


Foram muitos confrontos e situações que me ensinaram que quando você está cansada, você tem que aprender a descansar e não pensar em desistir.

Aos 20 anos, engravidei da minha filha. Me afastei das atividades por 1 ano e meio, e depois retornei ao mercado de trabalho assumindo uma posição administrativa/financeira. Nessa etapa se iniciava meu contato com a área de seguros e ressarcimentos, que futuramente se tornou um dos projetos de maior resultado em minha carreira.


A reversão de valores expressivos através da implantação de processos, análises e contestações, me davam a satisfação de voltar para casa, depois de diversas reuniões, com o sentimento de vitória. Aqueles momentos que te fazem olhar no espelho e ter certeza que você PODE MUITO MAIS!


Mãe solteira, meu combustível se tornou ainda mais forte. Nunca medi esforços para ter e dar à minha filha melhores condições, proporcionar experiências que na idade dela eu não tive, mas isso envolveu muito sacrifício e dedicação e não são todos que estão dispostos a pagar o preço.


Eu tive diversos motivos para ter um colapso emocional no meio do caminho, porém minha vida sempre foi sustentada por algo maior e tenho imensa gratidão por isso.


Aos 5 anos, minha filha teve linfoma de Hodgkin, passando por um período de quimioterapia seguido de radioterapia. Nessa época eu cursava a faculdade, e em alguns momentos me peguei saindo de um dia de tratamento e correndo para não perder a hora de uma prova. Como? Com muita fé e luz! Aquela que toda mãe, mulher, esposa, amiga carrega desde o berço e muitas vezes sem sequer perceber. Uma luz que muitas mulheres deixam ofuscar por circunstâncias e pessoas.


Pouco tempo depois, meu pai adoeceu, vindo a falecer aos 47 anos. Ele era a pessoa para quem eu ligava quando algo no trabalho não saia bem, quando alguém me subestimava ou quando eu sofria algum tipo de assédio. E o que eu faria agora? O óbvio: honrar os valores que ele me ensinou. É claro que iria doer, fazer falta, mas não poderia ser diferente.


Você precisa ser 100% responsável por suas decisões e atitudes e, inclusive, pela falta delas.

Eu participei de todos os eventos que pude, workshops, cursos gratuitos, visitei empresas do mesmo segmento, fornecedores parceiros (inclusive em outros estados) e sempre tive o hábito de ler. Não há desculpas para você não fazer algo que queira, mas você precisa estar preparado quando as oportunidades acontecerem e, em uma sociedade em que ainda vemos as mulheres como minoria nos cargos de gestão, os nossos resultados têm peso dobrado.


Hoje sou profissional, mãe, esposa, filha, amiga e MULHER!!!


Depois de quase 20 anos, procuro em cada processo que assumo, ou que sou envolvida de alguma forma, encontrar métodos de otimização, de controle, e de aumento de rentabilidade. Mas acima de tudo, formas de desenvolver pessoas.


Porque são pessoas que movem o mundo, que criam, compartilham, consomem, elevam, sustentam, motivam. Todos têm a capacidade contrária, mas que sejamos as pessoas que direcionam a vida, as famílias e as empresas de forma positiva, sustentável e crescente!


Que sejamos pessoas que buscam o autoconhecimento, e usam seu know-how de maneira assertiva.


Ninguém pode passar pela sua vida e sair da mesma forma que entrou.




* por Karen Silva - Gerente Administrativa na Interlog Logística


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