Gláucia Alexandretti: “Não fui eu quem escolhi o transporte. O transporte que me escolheu”
- Vez & Voz
- 12 de jun.
- 3 min de leitura
Minha entrada no setor de transportes não foi algo planejado, mas sinto que era um caminho que, de alguma forma, eu deveria percorrer. Sou formada em Psicologia, com foco sempre voltado à área organizacional. Nunca atuei na clínica, mas sempre me conectei profundamente com o desenvolvimento de pessoas e de equipes.
Minha história com a Transportes Silvio começou de forma inesperada. Tentei uma vaga, mas, na ocasião, não fui selecionada. Algum tempo depois, ainda em licença-maternidade, recebi uma nova oportunidade por meio de uma consultora da empresa – alguém que foi minha professora na faculdade.
Ela me perguntou se eu não gostaria de tentar novamente. Estava em meio ao puerpério, com todas as emoções e desafios que esse momento traz, e prestes a retornar para uma rotina de trabalho com muitas viagens. Ainda assim, decidi tentar. Esse foi, talvez, meu primeiro ato de coragem dentro do transporte.
Fui contratada e, desde então, venho construindo uma jornada marcada por desafios, aprendizados e conquistas. No início, contei com o apoio fundamental da minha mãe, que até hoje é uma grande referência de rede de cuidado na criação do meu filho, o Vicente.
A empresa também sempre foi compreensiva nos momentos em que precisei me ausentar por questões familiares – algo que, para nós mulheres, faz toda a diferença. Acredito muito no poder do apoio mútuo entre mulheres – ele é transformador.
Sempre almejei ocupar uma posição de liderança, e me sinto realizada por ter conquistado esse espaço. Mas isso não significa acomodação. Tenho clareza de que sempre há espaço para evoluir, aprender e contribuir ainda mais. Em alguns momentos, tenho a sensação que tudo está só começando (risos).
Após a maternidade, enfrentei um período difícil com minha saúde e autoestima. Ganhei peso, o que agravou questões emocionais que já existiam. Por vezes, me vi questionando minha própria credibilidade como gestora de Recursos Humanos. Pensava: como posso ser referência de cuidado com as pessoas, se estou negligenciando a mim mesma?
Após muitas tentativas frustradas com dietas, optei por realizar a cirurgia bariátrica. Foi uma decisão difícil, mas transformadora. Resgatei minha autoconfiança, minha saúde física e mental, e isso refletiu diretamente na minha performance como profissional e, principalmente, como mulher. Compartilhar essa vivência com outras mulheres se tornou uma missão pessoal – acredito no poder das histórias reais.
Durante os anos de 2021 e 2022, vivi um momento de grande turbulência emocional no trabalho, agravado pelo cenário confuso da pandemia. Nesse momento questionei minha permanência na empresa, mas com muita força e trabalho, o cenário mudou e este ano completei 6 anos de atuação na Transportes Silvio.
O setor de transportes tem avançado na inclusão das mulheres. Atualmente, contamos com duas mulheres à frente da gestão. Nossa CEO é mulher e hoje, temos mulheres ao volante, conduzindo grandes caminhões com competência e coragem – e isso me inspira profundamente. Ainda temos muito a conquistar, especialmente nos cargos de liderança, pois são eles que moldam a cultura e a forma de pensar de uma organização.
Acredito que o diálogo é uma ferramenta poderosa. Enfrentar conversas difíceis com maturidade é essencial. Fingir que problemas não existem ou silenciar desconfortos só gera mais crises. Precisamos fomentar ambientes em que as pessoas se sintam seguras para falar, ouvir e evoluir.
Trabalhar com transporte é viver em constante movimento – não só de cargas, mas de ideias, de pessoas e de transformação.
É um setor exigente, dinâmico, e que nos ensina, todos os dias, sobre resiliência, propósito e evolução. Para quem deseja crescer, desenvolver-se e impactar positivamente a vida de outras pessoas, essa pode ser uma jornada valiosa.
Gláucia Moretto Alexandretti é Gerente de Recursos Humanos na Transportes Silvio.
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