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Isabella Antunes: “Nós mulheres estamos mais conscientes para não aceitar certos comportamentos”

Acervo pessoal Isabella Antunes
Acervo pessoal Isabella Antunes

Minha entrada no setor de transporte não foi planejada, até um pouco "sem querer". Sou jornalista de formação e trabalhava em uma agência de Comunicação quando, em 2012, passei a coordenar o atendimento ao SETCEMG – um dos Sindicatos aqui de Minas Gerais – e à FETCEMG (Federação). Minhas responsabilidades incluíam a comunicação interna, produção de conteúdo, eventos e assessoria de imprensa das entidades, que até 2023 compartilhavam um mesmo Núcleo de Comunicação.

Em 2024, Sérgio Pedrosa, então presidente da FETCEMG, ciente das necessidades específicas da entidade, me chamou para trabalhar exclusivamente na Federação e ajudar a estabelecer um departamento de Comunicação próprio.

Embora, legalmente, eu fosse prestadora de serviços, já estava bastante envolvida no transporte e no trabalho das suas entidades representativas. Por isso, quando me convidaram para assumir o cargo na Federação, já me sentia parte do setor. Foi algo bem natural.

Quando comecei a trabalhar com transporte, percebi que às vezes o próprio setor não reconhece o valor que tem. Muitos transportadores não sabiam, e alguns ainda não sabem, como as entidades podem ajudá-los nas suas atividades do dia a dia.

Acervo pessoal Isabella Antunes
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A gente oferece vários serviços que estão à disposição dos empresários, e às vezes, aquilo não é usado. Ao longo do tempo, muito do meu trabalho tem sido focado nisso: em mostrar como as entidades trabalham.

Existe uma imagem distorcida de que as entidades não fazem nada. E, bem longe disso, a verdade é que existe um trabalho institucional árduo e necessário sendo realizado pelo bem comum, que é lutar pelo setor.

Ao longo da minha trajetória, vivenciei grandes crises que atingiram o transporte, como a greve dos caminhoneiros em 2018 e a pandemia de COVID-19. Assim pude ver como, em cada momento, as empresas conseguiam se recuperar e o quanto o apoio das entidades foi fundamental em cada momento.

O setor tem crescido. Gosto muito do dinamismo que é a mistura da área da Comunicação com o Transporte. Ter que publicar notícias importantes, ficar atenta às notícias diariamente e, principalmente, às mudanças na legislação. Absolutamente, todos os dias têm alguma novidade.

Acervo pessoal Isabella Antunes
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Quero contribuir o máximo que eu puder neste avanço. Quando eu vi, por exemplo, a oportunidade de participar da vice-coordenação do Vez & Voz, não pensei duas vezes e já me inscrevi, quero ajudar de toda forma.

E neste processo, tenho crescido junto, porque participar da Comissão do movimento faz com que conheça mais pessoas e fique mais próxima das empresas.

O Vez & Voz está promovendo um grande movimento dentro das organizações, para elas pensarem na equidade. As mulheres são preparadas e estão qualificadas para assumirem as mais diversas funções no setor. Ao mesmo tempo, o setor sente a falta de mão de obra.

Então, o movimento mostra às empresas que elas estão perdendo talentos, não considerando as mulheres para alguns cargos. E as entidades, de modo geral, ao participarem de movimentos como este, estão fazendo o seu papel.

Nos últimos tempos, tenho visto que as coisas estão mudando. Mesmo que a gente ainda se depare com pessoas com percepções desatualizadas, que ainda falam que equidade é bobagem e insistem em desqualificar o tema, considerando-o como uma pauta menor ou irrelevante.

Hoje, nós mulheres estamos mais conscientes de que não podemos aceitar certos comportamentos. A verdade é que estamos sabendo identificar e ter voz para falar: pera aí, isso não é bem assim.

Por exemplo, já aconteceu comigo aquelas situações de um homem achar que a mulher não entende o que ele fala, – ele me explicou o mesmo, várias vezes, em um tom debochado, duvidando da minha capacidade de compreender. Hoje tem até um termo em inglês para isso: mansplaining. Tem também aqueles que nos interrompem sem deixar com que a gente conclua o que está dizendo, conhecido como manterrupting.

Tem velhos hábitos que passam às vezes despercebidos, mas que precisam mudar. Se antes algumas situações eram levadas como brincadeira, hoje não são mais aceitas. E as mulheres estão mais atentas, mais cuidadosas, e principalmente, se posicionando mais.

Acervo pessoal Isabella Antunes
Acervo pessoal Isabella Antunes
As empresas de transportes são amigáveis para as mulheres. Acho que qualquer preconceito em relação a isso tem que ser eliminado. A gente nunca vai deixar de precisar de transporte. E cada vez mais o transporte precisa das mulheres.

Isabella Antunes é gerente de Comunicação da FETCEMG e vice-coordenadora do Vez & Voz.

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O movimento Vez & Voz é uma iniciativa do SETCESP - Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e Região.

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